A literatura nos mostra que, em ditaduras, todos têm a pele em risco. Rigorosamente todos. Isso inclui até mesmo os amigos do Regime e o próprio ditador – que muitas vezes não tem um final feliz. Saddam Hussein, Ceaușescu, Mussolini, Hitler e Gadaffi que o digam.
Nenhuma ditadura se diz ditadura. Jamais houve um discurso dizendo: “eu sou um tirano e vocês devem obedecer minhas ordens ilegais”. Todo ditador passa a vida fingindo normalidade diante da plateia, enquanto a obriga a aplaudi-lo – ou, ao menos, a não criticá-lo.
Enquanto tiranizam o povo, repetem incessantemente que são democráticos, ao modo Goebbels (“uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade”). Deve ser por isso que Alexandre de Moraes vive repetindo “nós, os democratas”. Enquanto isso, a vida vai acontecendo, e as reações das pessoas são variadas conforme suas personalidades, inteligências e virtudes.
É muito interessante observar o comportamento das pessoas durante um regime autoritário. É uma diversidade imensa, com gradações de níveis de percepção e de reação. Eu estou observando o comportamento das personalidades, especialmente as da área jurídica, com muita atenção.