Por que ir à manifestação na Avenida Paulista? Há riscos?
Amanheci em Washington D.C, após quatro dias intensos participando do CPAC. Aqui na capital americana, nessa época do ano, são duas horas a menos que São Paulo. Assim que acordei, ainda era manhã na terra da garoa. O povo já estava lá aglomerado, horas antes do início da manifestação convocada por Jair Bolsonaro, marcada para as 15h do Brasil.
Na mesma hora tive aquela sensação de que eu estava no meio da galera, embora não estivesse. Meu corpo não está lá mas meu espírito sim. Se eu estivesse no Brasil, com certeza estaria nesse momento na Avenida Paulista, com uma camiseta verde e amarela.
Muitos, hoje, se questionam sobre se vale a pena – ou se vale o risco – ir para manifestações de rua, considerando o que aconteceu no 8 de janeiro. Todo mundo agora sabe como o Regime age contra seus inimigos. Se os psicojuristas não se constrangeram em acusar velhinhas de “golpe de Estado”, o que não poderão fazer agora?
Aliás, até agora ninguém explicou como a Dona Jupira, ou o cara do algodão-doce (alguém sabe o nome dele? Queria chamá-lo pelo nome) poderiam concretizar algum golpe ou abolir violentamente o Estado Democrático de Direito. Na minha época existia um lance chamado crime impossível lá no artigo 17 do Código Penal (que ainda está em vigor, mas aparentemente o STF não se importa muito com essas ninharias).
A primeira coisa que temos que ter em mente é que manifestações na Paulista são muito mais seguras do que em Brasília, no que concerne à acusação cínica de golpe de estado. Não há Praça dos Três Poderes em São Paulo. Não há STF lá. Portanto, fazer manifestações na Paulista retira dos tarados morais a justificativa bisonha de golpe de Estado.