Estava aqui numa boa lendo as notícias do dia, quando dou de cara com uma matéria da Veja:
“OAB reage a ato de Moraes e diz que STF ‘suprime direito de defesa’.
Ora, ora, OAB, vamos lá…jura que você não sabia?
Seria uma injustiça dizer que a OAB age como marido traído que é o último a saber, até porque é evidente que sabe do comportamento do STF há muito tempo. Mais adequado seria compará-la ao corno manso. Ele sabe, mas segue a vida fingindo que não é com ele. Sabe como é, tomar providências daria muito trabalho e causaria enormes embaraços sociais… melhor fingir que não sabe, e ir tocando a vida, fica mais fácil!
O que ocorre é que a OAB é nada mais, nada menos, do que a entidade representativa dos advogados - uma das únicas profissões previstas expressamente na Constituição Federal, destinada à busca da justiça. Grandes poderes vêm com grandes responsabilidades. Fingir-se de bobo durante uma ditadura do judiciário, quando tinha o dever legal de atuar, não é apenas uma omissão histórica. É uma verdadeira cumplicidade com o ilícito, e tenho planos de, em breve, desenvolver melhor essa teoria.
Em 2020, eu e mais um grupo de juristas escrevemos o best seller “Inquérito do Fim do Mundo”, que chegou até a ocupar o 1° lugar na categoria “Direito” da Amazon. No livro, denunciamos tintim por tintim cada violação processual e constitucional do inquérito aberto de ofício pelo judiciário (!), contra pessoas sem foro privilegiado (parece que a OAB não viu muito problema nisso!).
Em conversa com o Dr. Emerson Grigollette, ele me relatou que no dia 08/09/2022 foi até o Presidente da Procuradoria Nacional de Prerrogativas, Dr. Alex Sarkis, juntamente com outros 16 advogados para reclamar sobre a negativa de acesso aos autos. Após 5 horas de reunião, os advogados teriam saído de lá com o compromisso de que a situação seria ao menos analisada. O Dr. Emerson me relatou que, depois disso, não só não recebeu resposta, como, meses depois, o CFOAB mentiu informando em nota que os advogados tiveram sim acesso aos autos, porque o Imperador disse no Twitter que havia dado!
Quatro anos se passaram, e agora a OAB resolveu levantar o tom…pero no mucho. Fizeram uma notinha demonstrando um desconforto. Convenhamos, o tom ainda está muito light, muito subserviente.
Quem escreveu o bilhetinho devia estar se borrando. A pessoa deve ter redigido o documento medindo cada palavra, não publicando sem antes submetê-lo a uns gatos pingados, para verem se não “ficou muito pesado”. Eu consigo imaginar perfeitamente a cena, vocês conseguem? “Olha, pessoal, redigi o texto, deem uma olhada pra ver se não ficou muito agressivo”! - diz o advogado suando as cuecas no grupo de zap.
É uma humilhação autoimposta, algo vergonhoso para uma instituição do tamanho e importância para a qual foi desenhada.
Em suma: ok, OAB. A nota está apenas OK. Sejam mais altivos. Dá pra melhorar e não ficar só no bilhetinho publicado pela imprensa, tipo fofoca do Leão Lobo. Em vez de notinhas inócuas, AÇÃO. Honrem os poderes que lhes foram conferidos pela Constituição Federal. A quem muito é dado, muito será exigido. Deixem de conversinhas e ajam.